“Who looks outside dreams; who looks inside awakes.”
Carl Gustav Jung
“Olhar para dentro, rumo ao vertiginoso abismo da consciência, talvez seja tão revelador quanto olhar para fora pelas lentes dos microscópios e telescópios.” Sidarta Ribeiro
Do sonho pode-se esperar tudo. A consciência de estar sonhando corresponde aos sonhos lúcidos, que revelam a extensão de possibilidades no nosso mundo interior e até mesmo, o que parece impossível à mente consciente, como viajar no tempo e em realidades paralelas onde é possível satisfazer quase qualquer desejo. Em “O oráculo da noite” Sidarta Ribeiro nos sugere técnicas capazes de elevar a percepção do estado onírico, como o habito de indagar-se frequentemente, no decorrer do dia: “Será que estou sonhando?” Não é essa, fundamentalmente, a questão de Alice?
Os “onironautas” exploram intencionalmente as possibilidades dos sonhos lúcidos. O tema atrai a atenção de psicólogos, místicos, ocultistas, artistas e são vividos em maestria pelos xamãs. Estar consciente de estar sonhando é uma condição necessária para iniciar jornadas transformadoras. Durante esses sonhos temos a consciência que estamos sonhando e podemos ter, portanto, um certo controle do enredo do sonho e da criação do universo onírico que nos rodeia. Esses sonhos costumam trazer profundas experiências espirituais e arquetípicas.
A visão de que o sonho é um portal para a comunicação com outros mundos é fundamental entre certos aborígenes australianos. Eles creem em um plano espiritual primordial e transcendente, onde presente, passado e futuro coexistem. Nesse mundo conhecido como Alcheringa, são preservados segredos iniciáticos, a cosmogonia dos aborígenes, bem como o vasto repertorio de conhecimentos práticos que permitem habitar um ambiente tão inóspito, revela Sidarta Ribeiro. A Alcheringa permite viver dormindo uma vida inteiramente diversa cercada de seres espirituais, ancestrais, espíritos anímicos de plantas e animais, numa experiência tão plena e aumentada que acordar é sonhr e sonhar é despertar.
Essa dimensão se popularizou no ocidente com o nome inglês de Dreamtime. Quando Nancy Shepard adaptou Alice no País dasMaravilhas para a língua Pitjantjatjara da Austrália Central, o Coelho Branco se tornou um Canguru Branco, a lagarta um Witchety Grub. O país das maravilhas foi traduzido como Dreamland, fazendo o sonho de Alice emergir no mundo da Alcheringa.
RIBEIRO, Sidarta. O oráculo da noite - A história e a ciência do sonho. São Paulo: Companhia das Letras, 2019
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