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11 de abr. de 2021

Alice by Maryanne 42

 “Who looks outside dreams; who looks inside awakes.” 

Carl Gustav Jung

 
Maryanne 42

Maryanne 42
 

Olhar para dentro, rumo ao vertiginoso abismo da consciência, talvez seja tão revelador quanto olhar para fora pelas lentes dos microscópios e telescópios.” Sidarta Ribeiro  

Do sonho pode-se esperar tudo. A consciência de estar sonhando corresponde aos sonhos lúcidos, que revelam a extensão de possibilidades no nosso mundo interior e até mesmo, o que parece impossível à mente consciente, como viajar no tempo e em realidades paralelas onde é possível satisfazer quase qualquer desejo. Em “O oráculo da noite” Sidarta Ribeiro nos sugere técnicas capazes de elevar a percepção do estado onírico, como o habito de indagar-se frequentemente, no decorrer do dia: “Será que estou sonhando?” Não é essa, fundamentalmente, a questão de Alice? 

Os “onironautas” exploram intencionalmente as possibilidades dos sonhos lúcidos. O tema atrai a atenção de psicólogos, místicos, ocultistas, artistas e são vividos em maestria pelos xamãs. Estar consciente de estar sonhando é uma condição necessária para iniciar jornadas transformadoras. Durante esses sonhos temos a consciência que estamos sonhando e podemos ter, portanto, um certo controle do enredo do sonho e da criação do universo onírico que nos rodeia. Esses sonhos costumam trazer profundas experiências espirituais e arquetípicas. 

A visão de que o sonho é um portal para a comunicação com outros mundos é fundamental entre certos aborígenes australianos. Eles creem em um plano espiritual primordial e transcendente, onde presente, passado e futuro coexistem. Nesse mundo conhecido como Alcheringa, são preservados segredos iniciáticos, a cosmogonia dos aborígenes, bem como o vasto repertorio de conhecimentos práticos que permitem habitar um ambiente tão inóspito, revela Sidarta Ribeiro. A Alcheringa permite viver dormindo uma vida inteiramente diversa cercada de seres espirituais, ancestrais, espíritos anímicos de plantas e animais, numa experiência tão plena e aumentada que acordar é sonhr e sonhar é despertar.

Essa dimensão se popularizou no ocidente com o nome inglês de Dreamtime. Quando Nancy Shepard adaptou Alice no País dasMaravilhas para a língua Pitjantjatjara da Austrália Central, o Coelho Branco se tornou um Canguru Branco, a lagarta um Witchety Grub. O país das maravilhas foi traduzido como Dreamland, fazendo o sonho de Alice emergir no mundo da Alcheringa.


RIBEIRO, Sidarta. O oráculo da noite - A  história e a ciência do sonho. São Paulo: Companhia das Letras, 2019

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