Fonte: blog BEATLES TO THE PEOPLE
Algumas imagens foram acrescentadas aqui. / Indicação de Clara B.
(...)
John Lennon era um grande fã do Lewis Carroll. Tanto é que o poeta figurou entre seus escolhidos para aparecer na capa do Sgt. Pepper. John também gostava muito de escrever rimas e, quando publicou seus dois livros de poesia, “In His Own Write” e “A Spaniard in the Works”, ainda nos anos 60, era visível a influência do estilo do ator em suas poesias.
Tudo começa com “Alice’s Adventure in Wonderland”, um livro de poesias escrito por Carroll e publicado em 1865. Sua continuação, “Through the Looking-Glass and What Alice Found There”, de 1871, foi a que mais influenciou a cabeça de John Lennon. É legal agora entendermos a história disso tudo, porque “Alice no País das Maravilhas”, como conhecemos hoje, é uma miscelânea dos dois.
Carroll escreveu o primeiro livro a pedido de uma menina muito amiga, Alice, a qual tinha levado para um passeio inesquecível, com as duas irmãs dela. Ao atender ao pedido da garota, o autor encheu de fantasia tudo o que eles haviam vivido naquela viagem. Seu trabalho foi tão primoroso que acabou sendo publicado e tornou-se um sucesso instântaneo por todo o mundo.
originais de Tenniel.
The Walrus and The Carpenter
(A Morsa e o Carpinteiro)
(…)
As Ostras gritaram: “Vão nos devorar?
Não façam! Piedade!
Nós somos amigas! Não podem matar
Depois da conversa e passeio: é maldade!” -
E a Morsa responde, com sinceridade:
“Gostaram da visita não foi?”
(…)
“Chorei por vocês” – a Morsa falou -
“Com profunda simpatia”.
Aos soluços, fungando, ela devorou
As ostras maiores que via! -
E, nos intervalos, seu lenço trazia
E secava suas Lágrimas!
(…)
“Ostrinhas queridas” – falou o Carpinteiro -
“Pra mim este dia foi muito feliz!
E, agora, voltemos pra casa ligeiro!…”
Mas nenhuma resposta se escuta ou se diz -
Aquelas que o bom Carpinteiro não quis,
Foram todas comidas pela Morsa primeiro!…
- Eu gosto mais da Morsa – disse Alice -, porque dá para ver que ela estava com um pouquinho de pena das pobres ostras.
- Mas ela comeu muito mais do que o Carpinteiro – disse Tweedledee – Na verdade, ela estava colocando o lenço em frente ao rosto para que ele não pudesse contar quantas ela comeu!
- Mas isso foi uma coisa muito mesquinha! Então eu gosto mais do Carpinteiro! – disse Alice indignada.
- De jeito nenhum! Ele comeu todas as ostras que conseguiu pegar! – disse Tweedledum.
- Pois muito bem! Eram AMBOS pessoas muito desagradáveis!
John apreciava muito este poema e usou-o como inspiração para a inesquecível “I Am The Walrus”. Ele não pretendia colocar nenhum sentido ideológico na letra, a morsa é apenas uma das diversas referências que ele apenas junta para construir a música. Mas anos mais tarde, John deu uma declaração engraçada para a revista Playboy, que mostra como tudo poderia ter sido bem diferente.
“ (…) É de ’The Walrus and the Carpenter.’ ‘Alice in Wonderland.’ Para mim, este é um lindo poema. Nunca percebi que Lewis Carroll estava criticando o sistema capitalista. Nunca me aprofundei no que ele queria dizer com isso, como as pessoas vem fazendo com os Beatles. Mais tarde, eu refleti e percebi que a Morsa era o vilão da história e o Carpinteiro era o mocinho. Eu pensei ‘droga, escolhi o cara errado. Eu deveria dizer ‘I am the carpenter’. Mas aí não seria a mesma coisa, né?…’
Franz Ferdinand – The Lobster Quadrille
Leia sobre Alice entre Lucy in the Sky e São Saruê AQUI
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