Diálogos: Alice e Alejandra Pizarnik

A Morte visita a Rainha Louca. Ela leva consigo uma boneca. Conversam a Morte, a Rainha (meninas) e a Boneca.


“- Eu ainda não vi a rainha louca - diz a Boneca.
- Bem, vem comigo e ela irá contar sua história - diz a Morte. Dali a pouco avistam a Rainha Louca que está sentada num jardim de flores brancas pintando as flores de vermelho, sozinha e muito triste.
- O que está acontecendo? - a Boneca pergunta à Morte.
- Isso tudo é imaginação - responde a Morte -, na realidade, ela não têm a menor tristeza.
- Mas se sofre do mesmo jeito, então não faz diferença - diz a Boneca. A Rainha Louca as olha em silêncio.
- Essa menina quer ouvir a sua história - diz a Morte.
- Sentem-se as duas e não digam uma única palavra até que eu tenha terminado. A Morte e a Boneca se sentam e, por alguns minutos, ninguém profere uma única palavra. A Boneca fecha os olhos.
- Não vejo como pode terminar se nunca começa - diz a Boneca. Faz-se um grande silêncio.
- Quando eu era Rainha - começa a Rainha Louca. Seguindo estas palavras, o silêncio e se torna denso como uma caverna. A Rainha Louca suspira.
- Eu poderia te contar a minha história a partir de onde eu parei, mas sei que isso é inútil, porque naquela hora eu era uma pessoa que já não sou mais. A Morte boceja. A Boneca pisca os olhos.” (adaptado de Alejandra Pizarnik)

estranho quebra cabeças