"Paradoxo, nonsense, jogo, labirinto. O tabuleiro de xadrez que cruza a obra de Lewis Carroll Através do Espelho o que Alice encontrou por lá (1871) é movido por caminhos enigmáticos, curvaturas insólitas, geometrias impossíveis. A lógica se inverte e se subverte enquanto Alice se aventura em um mundo ao contrário, em que é preciso correr o mais rápido possível para ficar no mesmo lugar. Viajante do extraordinário, Alice salta na toca do coelho, atravessa o espelho e encontra tabuleiros, túneis, labirintos, jardins secretos, florestas misteriosas e portas que levam a outras portas.
A obra de Lewis Carroll é a terra incógnita na qual o leitor pode atravessar, perder-se e desbravar novos sentidos. Lembremos que o caminho a seguir, depende de onde cada um quer chegar. Os sonhos de Alice desafiam nossos saberes acomodados. A Rainha Branca, por exemplo, é capaz de lembrar do futuro. Lewis Carroll também se lembrou do futuro e, antes de Einstein, imaginou conceitos relativísticos. No País das Maravilhas o Tempo é relativo. O Chapeleiro diz que o Tempo é alguém e ele pode acelerar ou desacelerar, fazer o que quisermos com o relógio.
As aventuras de Alice anteciparam conceitos da física moderna que nos defrontam com uma realidade que supera amplamente a imaginação. Em Mundos Paralelos - Uma viagem pela Criação, Dimensões Superiores e Futuro do Cosmos, o físico teórico Michio Kaku explica uma possibilidade surpreendente que emergiu da Física Moderna: que o nosso Universo pode ser apenas um, entre infinitos outros numa vasta rede cósmica. Em uma visão quase alicedélica da realidade, anuncia: “No multiverso, há palcos paralelos, uns por cima dos outros, ligados por alçapões e túneis escondidos. Os palcos, de fato, dão origem a outros palcos, num processo infindável.” Entre 2021 e 2022 a travessia do espelho de Carroll completa 150 anos. Até onde a sua visão alcança, o mundo que Alice vê através do espelho de casa é muito parecido “só que adiante pode ser completamente diferente”. Alice vislumbra uma realidade quântica, ao mergulhar no campo de possibilidades infinitas.
Os enigmas de Alice não se satisfazem com formas fixas, descrições literais ou explicações razoáveis. No mundo atual, Alice (A Large Ion Collider Experiment) é o nome de um experimento do Grande Colisor de Hádrons, o maior acelerador de partículas do mundo. Sua logomarca mostra Alice diante de um portal. As mais inovadoras instalações imersivas de realidade virtual da atualidade desafiam o impossível, a linguagem do sonho e a travessia para mundos paradoxais regidos por outras leis, que são vetores da viagem de Alice do outro lado do espelho."
Adriana Peliano
is one of seven detector experiments at the Large Hadron Collider at CERN.
"ALICE records first proton-lead collisions at the LHC"
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