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4 de fev. de 2012

A dream to Dorothea Tanning (1910 - 2012)


Dorothea Tanning

Dorothea Tanning, Amagansett, New York

Dorothea Tanning, New York





We are moved to share the notice that Dorothea Tanning died on January 31, 2012, after 101 years of wonders. She was an exceptional artist, painter, sculptor, writer and poet. During the '40s she was engaged with surrealism and lived for over thirty years with the great artist Max Ernst.

After some time she became involved in other projects, such as making costumes and scenery for dance. In recent years Dorothea turned more to writing, publishing works in prose and verse, including two important volumes of memoirs.

Some of her surrealist pictures have Alice connections and this painting bellow, "Ein Klein Nachtmusik", participate in the recent Alice exhibition at TATE Liverpool, UK.


Know more about her life and work at





Ein Klein Nachtmusik, 1943

someone enters death
eyes wide open
like Alice in the country of what’s been seen.

Alejandra Pizarnik

A dream with Dorothea Tanning

Adriana Peliano

When Dorothea was a child she travelled in a world of fantasy by reading gothic stories, fairy tales, and authors such as Carroll, Andersen and Wilde. When Dorothea was an adult, immersed in the surreal universe, Alice appeared and faced some of her paintings like"Ein Klein Nachtmusik" (1943) and "Palaestra" (1947). In these dreamlands overflow the strangeness, the attraction and repulsion between eroticism and fear. Alice recognized the sinister doors and their call for the unconscious, in striking lights and colors. Displacements and disproportions. Alice ventured into the nightmare and became a mirror for powerful and disturbing images of girls facing desire, horror and mystery.

Then I woke up and saw that I was still dreaming. Suddenly a surreal rabbit came out of a hat and announced: Alice leads a rebellion against a rational view of the world, against the bars of the conventional desire, against mechanical conceptions of time and space. (1) She travels in a land where nothing is normal or predictable. Where she does not remain the same size or preserve her own name, in a permanent transformation. Where there is no boundary between dream and the waking life, if life is a dream. Not what Alice is but what Alice can be. Through Alice and what the surrealism found there.

Going down the rabbit hole, Alice, Dorothea and us go to a unknown land, as when we travel with closed eyes. The surprises emerge from everywhere. Who are we, anyway?

The images of Dorothea Tanning presented here are among the most significant, defying and disturbing of all works that dialogue with the universe of "Alice in Wonderland".

(1) CARDINAL Roger. apud. STERN, Jeffrey. Lewis Carroll the Surrealist. In. GIULLIANO, Edward. Lewis Carroll: A celebration. Random House, 1981.



Dorothea Tanning, New York


Estamos tristes em compartilhar a noticia de que Dorothea Tanning se foi no dia 31 de janeiro de 2012, aos 101 anos de milmaravilhas. Ela foi uma artista excepcional, pintora, escultora, escritora e poeta. Na década 40 participou do surrealismo, quando fez pinturas magníficas. Foi casada durante mais de trinta anos com o incrível artista Max Ernst.

Mais tarde ela desenvolveu outros projetos, como por exemplo, fazendo figurinos e cenografia para dança. Nos últimos anos Dorothea voltou-se mais para a escrita, publicando trabalhos em prosa e verso, incluindo dois importantes volumes de memórias.

Algumas de suas obras apresentam conexões com Alice, incluindo a pintura 'Ein Klein Nachtmusik' que esteve presente na recente exposição sobre Alice na TATE Liverpool, UK.

As imagens de Dorothea Tanning aqui apresentadas estão entre as mais significativas e inquietantes entre todas as obras que dialogam com o universo de "Alice no País das Maravilhas". 


Palaestra, 1947

y alguien entra en la muerte
con los hojos abiertos
como Alicia en el país de lo ya visto.

Alejandra Pizarnik

Um sonho com Dorothea

Adriana Peliano


Quando Dorothea era uma criança se aventurava por um mundo de fantasia pela leitura de romances góticos, contos de fadas e autores como Carroll, Andersen e Wilde. Já adulta, mergulhada num universo surreal, Alice visitou suas pinturas como "Ein Klein Nachtmusik"(1943) e "Palaestra" (1947). Nessas imagens transbordava o estranhamento, entre o impulso erótico e o medo de mergulhar no desconhecido. Deslocamentos e desproporções. Portas misteriosas eram um chamado para o inconsciente. Alice se aventurava no pesadelo e se tornava um espelho para imagens de horror, mistério e desejo.

Eu então acordei e vi que ainda estava sonhando. Foi quando um coelho surrealista saiu da cartola e anunciou: Alice provoca uma rebelião contra uma visão racional do mundo, contra as grades convencionais do desejo, contra concepções mecânicas do tempo e espaço. (1) Ela vive num cenário onde nada é normal ou previsível. Onde ela não permanece do mesmo tamanho nem preserva seu próprio nome. Onde não existe fronteira entre dormir e acordar. Através de Alice e o que o surrealismo encontrou lá.

Ao descer pela toca do coelho, Alice, Dorothea e nós passamos a habitar um país diferente do conhecido, como quando viajamos de olhos fechados. As surpresas surgem de todos os lados. Quem somos nós, afinal?(2)


(1) CARDINAL Roger. apud. STERN, Jeffrey. Lewis Carroll the Surrealist. In. GIULLIANO, Edward. Lewis Carroll: A celebration. Random House, 1981.
(1) \ MEIRELLES, Cecília. Problemas da literatura infantil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.


Dorothea Tanning



Dorothea Tanning and Max Ernst, Sedona, Arizona






"(...) Alice abriu outra porta e se deparou com outros pesadelos que se desdobravam em crises, conflitos e medos em relação a um mundo adulto com regras incompreensíveis e tirânicas. Foi quando viu duas imagens impactantes que descobriria foram criadas por Dorothea Tanning, como Leonora, também casada com Max Ernst. Alice se torna espaço para pesadelos de morte e desejo, ansiedades, mistérios, mergulhos no desconhecido. A metamorfose é o movimento do corpo que se assombra, ritos de passagem, suspensão da realidade. No fundo, a direita, a menina se transformara em espelho, portas, metamorfoses, viagens ao desconhecido.


Quando criança Dorothea escapava para um mundo próprio de fantasia pela leitura de textos góticos, contos de fadas e autores como Carroll, Andersen e Wilde. Nas pinturas de Dorothea transbordava o estranhamento, a atração e a repulsa, entre o impulso erótico em sua potência libertadora e o medo de mergulhar no mundo instintivo. Como Alice, suas heroínas faziam viagens pessoais de meninas para mulheres. Diante daquelas telas Alice era lançada ao desconhecido. Via corpos em transformações violentas que afirmavam a busca de uma conexão feroz com o maravilhoso. Via imagens poderosas e inquietantes da turbulência da puberdade e descoberta da sexualidade. Os espaços interiores se tornavam assombro e pesadelo. (...)"


Adriana Peliano

"As Alices transitavam entre a criança e a mulher adulta e seus mistérios sexuais, seu trânsito pelos mundos ocultos. Diante desse aparente dilema, o que o surrealismo fez foi criar novas Alices. Saber até que ponto essas Alices já estavam no livro ou surgiram a partir dele talvez não seja a questão. O fato é que o surrealismo mostrou o quanto Alice podia ser transformada e como muitas outras estórias moram dentro de uma estória, se não buscarmos uma rigida fidelidade com o original, mas um compromisso com o que criamos a partir dele. Alice fertiliza mundos, prolifera viagens, transita entre novas realidades, aberta para transformar-se a cada momento. No surrealismo os artistas recriam Alice se recriando já que a leitura é criação. O surrealismo mostrou o quanto a arte dá passagem para um movimento aonde a imaginação viaja pelo maravilhoso. Não o que Alice foi, mas o que pode vir a ser."

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