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9 de ago. de 2010

Para Gertrude Chataway



Mail art by Fiona Hunter


Mail art by Fiona Hunter



Christ Church, Oxford, 9 de dezembro de 1875.
Minha querida Gertrude,

Fique sabendo que há uma coisa inadmissível: é você me enviar um beijo suplementar em cada uma de suas cartas, pois isso torna os envelopes tão pesados que vão me arruinar. Quando o carteiro me trouxe a última carta, ele me olhou de um jeito muito grave, e disse:
- Duas libras a pagar, Senhor. Sobretaxa por causa do peso. (Diga-se, de passagem, que ele me engana freqüentemente, pois me cobra duas libras, quando na verdade só deveria cobrar dois pence)'.
- Oh, eu lhe imploro, Senhor carteiro - digo, dobrando graciosamente o joelho (queria que você me visse ajoelhando diante do cateiro, é um espetáculo engraçadíssimo) - queira me perdoar por essa vez! É uma carta de uma menininha!...
- Carta de uma menininha coisa nenhuma! resmungou. Diga-me: de que são feitas as menininhas?
- De especiarias finas, de açucar candi, e de tudo que é ex... Mas ele me interrompeu:
- Não, eu não falo disso. quero dizer: para que servem as menininhas quando elas enviam cartas tão pesadas?
- Juro que elas não servem para grande coisa, digo meio tristonho.
- Trate de não receber mais cartas como essa, disse ele, principalmente dessa menininha. Eu a conheço muito bem. É uma incorrigível malandrinha.
Isso será verdade? Não acredito que ele já a conheça e, além disso, você não é malandrinha... De qualquer modo eu lhe prometi que de agora em diante nós trocaríamos pouquíssimas cartas.
- Digamos, duas mil quatrocentos e setenta, garanti.
- Oh, ele respondeu, uma quatidade assim tão pequena, nem vale a pena falarmos disso. O que eu queria pedir-lhe era para não enviar muitas.
Eis porque, de agora em diante, nós devemos fazer as contas, e quando chegarmos a duas mil quatrocentos e setenta, vamos parar de escrever, a menos que o carteiro nos autorize.
Gostaria de, às vezes, poder voltar à praia de Sandown. R você?

Seu amigo afetuoso,

Lewis Carroll.




Mail art by Fiona Hunter


Para Gertrude Chataway
Chist Church, Oxford, 28 de outubro de 1876.

Minha querida Gertrude,

Você vai ficar amirada, surpresa, desolada ao saber que terrível indisposição eu senti quando você partiu. Mandei chamar um médico e lhe disse: "Dê-me um remédio contra o cansaço porque eu estou cansado". Ele me respondeu: "Nunca! Você não precisa de remédio! Se você está cansado, vá para a cama!" "Não, repliquei, não se trata desse tipo de cansaço que passa quando se deita. Eu estou cansado no rosto." Ele ficou muito sério e depois disse: "Sim, estou vendo, é seu nariz que está cansado; e isso acontece por que você mete o nariz em tudo". E eu respondi: "Não, não é bem o nariz. Talvez tenha sido um gole de ar". Então ele fez uam expressão de espanto e disse: "Agora estou entenendo: naturalmente você tocou muitas árias em seu piano". "De forma nenhuima, protestei. Nada de árias, mas de alguma coisa que fica entre o meu nariz e o meu queixo". Aí ele ficou muito sério e perguntou: "Ultimamente você tem andado muito com seu queixo?" Eu disse: "Não". "Bem!" disse ele, "isso me preocupa muito. Não sente alguma coisa nos lábios? "Claro!" exclamei. É exatamente isso que eu sinto!" Então ele ficou mais sério do que nunca e disse: "Acho que você andou dando muitos beijos". "Bem", respondi, "na verdade eu dei um beijo numa menininha que é muito minha amiga." "Pense bem". disse ele, "você tem certeza de que foi somente um?" Eu pensei bem e disse: "Talvez tenham sido onze". Então o doutor respondeu: "Você não deve dar nenhum beijo até que seus lábios tenham descansado bastante". "Mas o que devo fazer", repliquei, "se ainda estou devendo a ela cento e oitenta e dois beijos?" Nessa hora ele ficou tão triste, mas tão triste, que as lágrimas começaram a rolar em seu rosto. E ele disse: "Você pode enviálos numa caixa". Então eu me lembrei de uma pequena caixa que eu havia comprado em Dover, pensando em poder um dia oferecê-la a uma menininha. Por isso é que eu lhe envio essa caixa depois de ter colocado nela todos os meus beijos. Diga-me se eles chegaram bem, ou se algum se perdeu pelo caminho.

C. L. D.




Gertrude Chataway por Lewis Carroll.


Gertrude Chataway por Lewis Carroll.



Mail art by Fiona Hunter

Gertrude remembered Carroll thus...

"I first met Mr. Lewis Carroll on the sea-shore at Sandown in the Isle of Wight, in the summer of 1875, when I was quite a little child.

We had all been taken there for change of air, and next door there was an old gentlemen -- to me at any rate he seemed old -- who interested me immensely. He would come on to his balcony, which joined ours, sniffing the sea-air with his head thrown back, and would walk right down the steps on to the beach with his chin in air, drinking in the fresh breezes as if he could never have enough. I do not know why this excited such keen curiosity on my part, but I remember well that whenever I heard his footstep I flew out to see him coming, and when one day he spoke to me my joy was complete.

Thus we made friends, and in a very little while I was as familiar with the interior of his lodgings as with our own.

I had the usual child's love for fairy-tales and marvels, and his power of telling stories naturally fascinated me. We used to sit for hours on the wooden steps which led from our garden on to the beach, whilst he told the most lovely tales that could possibly be imagined, often illustrating the exciting situations with a pencil as he went along.

One thing that made his stories particularly charming to a child was that he often took his cue from her remarks -- a question would set him off on quite a new trail of ideas, so that one felt that one had somehow helped to make the story, and it seemed a personal possession. It was the most lovely nonsense conceivable, and I naturally revelled in it. His vivid imagination would fly from one subject to another, and was never tied down in any way by the probabilities of life.

To me it was of course all perfect, but it is astonishing that he never seemed either tired or to want other society. I spoke to him once of this since I have been grown up, and he told me it was the greatest pleasure he could have to converse freely with a child, and feel the depths of her mind.

He used to write to me and I to him after that summer, and the friendship, thus begun, lasted. His letters were one of the greatest joys of my childhood.

I don't think that he ever really understood that we, whom he had known as children, could not always remain such. I stayed with him only a few years ago, at Eastbourne, and felt for the time that I was once more a child. He never appeared to realise that I had grown up, except when I reminded him of the fact, and then he only said, "Never mind: you will always be a child to me, even when your hair is grey."



Mail art by Fiona Hunter


The following is the poem that opens The Hunting of the Snark. The first letter of each line spells out her name, and the first syllable of each stanza reproduces it:

INSCRIBED TO A DEAR CHILD:

IN MEMORY OF GOLDEN SUMMER HOURS AND WHISPERS OF A SUMMER SEA

Girt with a boyish garb for boyish task,
Eager she wields her spade: yet loves as well
Rest on a friendly knee, intent to ask
The tale he loves to tell.
Rude spirits of the seething outer strife,
Unmeet to read her pure and simple spright,
Deem, if you list, such hours a waste of life,
Empty of all delight!
Chat on, sweet Maid, and rescue from annoy
Hearts that by wiser talk are unbeguiled.
Ah, happy he who owns that tenderest joy,
The heart-love of a child!
Away, fond thoughts, and vex my soul no more!
Work claims my wakeful nights, my busy days-
Albeit bright memories of that sunlit shore
Yet haunt my dreaming gaze!


Found HERE


Mail art by Fiona Hunter

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Cartas encontradas AQUI



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