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Guss de Lucca
Conheça as principais versões da história à venda no Brasil
Mesmo aqueles que nunca seguraram um exemplar da obra conhecem personagens como o Chapeleiro Maluco e a Rainha de Copas, ou ao menos já ouviram falar da festa louca do chá. "O filme da Walt Disney foi o grande responsável pela divulgação da história", afirma Adriana Peliano, presidente da Sociedade Lewis Carroll do Brasil.
"Porém, ao mesmo tempo em que ajuda a revelar a obra, ele oculta muitas coisas, pois se trata da Alice da Disney, que tem muitas diferenças se comparada a Alice de Lewis Carroll", complementa.
Agora, com o lançamento e popularização da versão de Burton, é provável que muitos fãs se interessem em conhecer o livro que deu origem a esta e outras dezenas de adaptações cinematográficas.
Com isso em mente separamos nove edições nacionais que atendem aos mais variados públicos, dos leitores mirins até os mais curiosos, passando, é claro, pelos puristas que não abrem mão de aproximar-se ao máximo do texto original de Lewis Carroll.
Alice para os pequenos
Alice ilustrada por Tony Ross
Apesar de ter sido escrito para o público infantil, "Alice no País das Maravilhas" foi despertando o interesse dos adultos e seu texto original, escrito há mais de um século, tornou-se muito complicado para as novas gerações de leitores.
Por ter vivido esse sentimento de estranhamento na infância, o autor britânico Tony Ross resolveu condensar os dois livros de Alice, "As Aventuras de Alice no País das Maravilhas" e "Do Outro Lado Do Espelho" (ambos da Martins Fontes), encurtando e atualizando os textos de Lewis Carroll, além de criar novas ilustrações para a história.
O trabalho de Ross flui bem e suas ilustrações, apesar de simples, casam com a proposta de "apressar" a história, mas sem deixá-la perder seus sentidos originais.
Outra tentativa de traduzir o universo de Alice para o público infantil é "Alice no País das Maravilhas" (Companhia das Letrinhas), que traz a famosa história contada pelo jornalista e escritor Ruy Castro, autor de "Carmen: Uma Biografia" (Companhia das Letras). Alice no traço de Mariana Newlands
Com um texto curto e ilustrações grandes, a obra é a que melhor atende crianças de até oito anos. Castro se ateve aos eventos principais e montou uma história rápida, fator importante para prender a atenção de uma geração tida como imediatista.
Para aqueles que já passaram dos dez anos e caminham para a pré-adolescência, "Aventuras de Alice no País das Maravilhas" (Objetiva) conta a história de Carroll com o mesmo volume de páginas que o texto original, mas procurando melhorar a fluidez da história em sua tradução.
Além do tratamento dado ao texto, que teve a liberdade do uso de palavras em caixa alta, as ilustrações de Mariana Newlands mostram uma Alice de visual descolado, usando tênis e saia estampada - e quase sempre em imagens onde a cor reinante é a laranja.
Alice para os puristas
A Alice recortada de Luiz Zerbini
Da mesma forma que o mercado editorial abriu espaço para versões indicadas aos mais jovens, aqueles que buscam por publicações próximas ao modelo original não terão dificuldades em encontrar tais edições.
Lançado como "Alice - Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho e o Que Alice Encontrou Por Lá" (Zahar), o livro traduzido por Maria Luiza X. de A. Borges mantém-se o mais fiel possível ao original britânico, utilizando inclusive as ilustrações de John Tenniel, publicadas originalmente em 1865.
Apesar da capa dura, a publicação tem formato pequeno e não pesa muito, sendo ideal para aqueles que gostam de ler durante viagens de ônibus, metrô ou avião.
A edição de "Alice no País das Maravilhas" (Cosac Naify) com tradução do historiador Nicolau Sevcenko também segue a mesma linha, mas se permite criar equivalências com a nossa cultura, transformando a poesia "Está velho, Pai William" em "Estás velho, seu Zé".
A Alice leve de Helen Oxenbury
Ainda contrariando a edição citada anteriormente, essa publicação inova ao contar com ilustrações do artista Luiz Zerbini, que usa e busa do recorte de cartas de baralho de sua coleção pessoal, proporcionando imagens belas e curiosas.
Para os leitores que buscam uma edição com o texto próximo ao clássico, porém formato avantajado e ilustrações leves, a indicação é a caixa "Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho" (Salamandra).
A tradução de Maria Luiza Newlands Silveira não foge muito ao original, mas opta por soluções leves, acompanhando o ritmo gráfico do livro, que conta com imagens limpas de Helen Oxenbury, cuja Alice, apesar de atualizada, mantém referências da adaptação da Disney - cabelos longos louros e vestidinho azul.
Alice para os curiosos
Alice em versão nordestina
Se a ideia é fugir do casual, duas edições brincam de maneiras diferentes com o clássico de Lewis Carroll. Em "Alice no País das Maravilhas em Cordel" (Nova Alexandria), o autor João Gomes de Sá mistura o universo do escritor britânico com características do Nordeste brasileiro.
Nele, a pequena Alice não cai num poço, mas numa cacimba encantada, o Gato de Cheshire tem o talento de um verdadeiro repentista e o Chapeleiro Maluco usa um chapéu semelhante ao do famoso cangaceiro Lampião.
A obra teve o cuidado de explicar em suas primeiras páginas a origem da história original e de seu autor, além de esclarecer as opções de Gomes de Sá ao transcrever aquela "Alice" para uma versão em cordel.
Já "Alice no País das Maravilhas" (Ciranda Cultural) é na verdade uma grande brincadeira visual em torno da história de Carroll. As belas ilustrações do croata Zdenko Basic, que mesclam efeitos de computador com fotografias distorcidas, são um verdadeiro banquete para os olhos, em que o leitor não apenas lê, mas também brinca enquanto a aventura avança. Alice do croata Zdenko Basic
Entre as brincadeiras propostas pela autora Harriet Castor estão abrir portas, esticar a jovem Alice e conhecer o País das Maravilhas por meio de pistas e conselhos, como aquele que explica qual a melhor maneira de sobreviver a um chá maluco.
Ambos os livros desta categoria são indicados para entusiastas de qualquer idade.
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