Nesse livro o leitor é convidado para um passeio na vida e na obra de Lewis Carroll, no panorama da Inglaterra Vitoriana, de forma leve, divertida e instigante. As imagens conversam com o texto, mas convidam a uma outra viagem cheia de surpresas e associações inesperadas. Fiz as ilustrações através de colagens, reunindo as ilustrações originais de John Tenniel para os livros de Alice com o universo surreal de artistas como Salvador Dali e Hieronimus Bosch. Archimboldo e Marcel Duchamp também estão lá. Fiz isso para mostrar que embora os livros de Alice tenham surgido na Inglaterra Vitoriana, seu alcance é muito mais vasto. Fiz isso para ampliar o imaginário de Carroll em diálogo com a história da arte, me apropriando de artistas que também desafiaram o bom senso e o senso comum, explorando o mundo dos sonhos e os limites da linguagem.
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"Lewis Carroll at the Victorian Age"
In this book the reader is invited to know about the life and work of Lewis Carroll, in a light, entertaining and provocative way. I did the illustrations through collages, bringing together the original illustrations by John Tenniel for Alice with the surreal universe of artists like Salvador Dali and Hieronymus Bosch. Archimboldo and Marcel Duchamp are also there. I did this to expand the visual universes of Carroll in dialogue with art history, appropriating of artists who also challenged the common sense, exploring the world of dreams and the limits of language.
Entrevista de Adriana Peliano
No livro você diz que Alice é sua melhor amiga. Como nasceu essa “amizade”?
Quando criança assisti centenas de vezes o desenho da Alice da Hanna Barbera. Essa é uma Alice contemporânea que mergulha no aparelho de TV ao invés da toca do coelho. Cresci com Alice dentro de mim. Li o livro aos 11 anos e aos 12 fui à Disney, quando comprei meu primeiro item de coleção: um gato de Cheshire de pelúcia, que ainda guardo com grande afeto. Depois de anos fui assistir a uma exposição de ilustradores de Alice. Fiquei tão maravilhada que quando sai, perguntei: o que eu mais quero na minha vida nesse momento? Em seguida respondi: ilustrar os livros de Alice. Foi quando eu comecei uma viagem de descobertas fascinantes, pesquisando, colecionando, ilustrando a obra de Lewis Carroll. Apresentei minhas ilustrações em 98 em Oxford, na umiversidade onde Lewis Carroll viveu, na comemoração do centenário da morte do autor, promovido pela Sociedade Lewis Carroll da Inglaterra. Minha obsessão seguiu em frente e com a proximidade do filme do Tim Burton, percebi que era o momento de criar também uma Sociedade Lewis Carroll no Brasil, ligada às Sociedades da Inglaterra e dos Estado Unidos. Esse é o momento de encontrar outros admiradores da obra do autor, e reunir essas pessoas para persquisarmos e produzirmos juntos material de ordem tanto teórica quanto artística. Domingo agora dia 11 foi nosso primeiro evento de desaniversário no Centro Cultural Brasileiro Britânico, com o apoio da cultura inglesa, um grande sucesso de público.
Como foi ilustrar o livro?
Uma grande viagem. Meu propósito naquele momento foi questionar o sentido convencional da ilustração, em geral vinculado aos aspectos narrativos e descritivos da obra. Eu buscava ir além, me aproximando da lógica, do nonsense, dos jogos de linguagem, dos paradoxos. Uma abordagem protanto metalinguística. Comecei a estudar as diferentes leituras dos livros de Alice que evidenciam sua condição de obra aberta, ainda desafiando novas interpretações. Comecei a colecionar diferentes edições e ilustrações, e hoje concentro a minha pesquisa no universo visual de Alice e no imaginário que foi produzido culturalmente e artisticamente desde o seu surgimento.
Onde você foi buscar referências?
Como já disse, tenho uma grande pesquisa sobre as ilustrações de Alice já realizadas e a sua presença na arte contemporânea. Para o livro da Kátia, me aproximei com especial interesse do surrealismo.
Como foi o processo de pesquisa?
Coleciono edições diferentes de Alice desde 95 mais ou menos. Hoje em dia procuro muita coisa na internet e tenho amigos nas Sociedades Lewis Carroll da Inglaterra e dos Estados Unidos que me indicam muitas obras importantes.
Você mostra Alice com várias “caras” e traços. Onde foi buscar essas imagens?
Como já disse, sou colecionadora e "garimpeira" na internet.
Você usou alguma técnica especial?
Trabalho basicamente nesse projeto com colagem digital. Selecionei vária imagens entre as ilustrações originais de Tenniel, as primeiras que foram publicadas ainda na Inglaterra Vitoriana, e articulei com o imaginário do surrealismo e outros artista que dialogam com esse movimento. Fiz sobreposições e associações inesperadas, cruzando universos ficcionais. A idéia é expandir o foco da Inglaterra vitoriana para uma articulação com a história da arte.
Quanto tempo durou o processo de ilustração?
Foi relativamente rápido pois já estou mergulhada nesse universo e assim que entrei em contato com o texto da Katia já fui tendo várias idéias.
Por gostar da história, isso tornou o trabalho mais fácil ou mais difícil?
Muito mais fácil. As possibilidades visuais e estéticas sugeridas pelos livros de Alice são potencialmente infinitas.
O que mais te fascinou na série Arte conta História?
O fato de que vários artistas plásticos possam dialogar com o texto e a palavra escrita. Desvendamos assim outras possibilidades para a ilustração tendo em vista que os artistas estão muito abertos para interpretações que desafiam o texto e não apenas decoram as páginas do livro.
-Você, como admiradora do conto de Alice, conhecia o contexto histórico?
Sim, sou muito interessada em entender o momento em que Alice foi escrito, mesmo que considere uma obra absolutamente atual.
Como surgiu o convite para ilustrar a obra de Kátia Canton?
Eu e a Kátia temos muitas afinidades, somos apaixonadas pelo mundo mágico dos contos de fadas, do fantástico e do maravilhoso. E também da relação desse mundo com a arte contemporânea. Hoje ela é minha orientadora de mestrado.
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