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17 de fev. de 2015

Alices no mundo de Vermelho




  
Vermelho Steam


Ontem tive uma conversa internética com o artista Vermelho Steam, residente em São Paulo. Falamos sobre suas influências estéticas buscando situar a presença de Alice na sua produção, que envolve desenho, pintura, grafiti, bonecos, cenários, objetos e outras invenções. Naquele momento eu estava encantada com uma kombi que ele pintou para uma festa onde Alice viaja sonhando e prometendo novas aventuras do mundo das maravilhas. As Alices de hoje perdem a cabeça em comemorações de desaniversário aonde a imaginação brinca de faz de conta e encanta mundos viajantes com cogumelos, luzes alicedélicas, xícaras de chá, relógios e coelhos loucos. 


O mundo das maravilhas de Vermelho Steam envolve uma lista grande de influências que percorrem as artes gráficas, os quadrinhos, estórias infantis, o cinema e a animação. Vermelho está sintonizado com artistas de várias épocas e estéticas, alimentando um imaginário que promove encontros entre o universo infantil, antiguidades, o expressionismo alemão, o teatro de bonecos de praga, steampunk, entre outros. 

No cinema comentamos alguns filmes como os expressionistas Metrópolis (1927) e O Gabinete do Dr. Caligari (1920). Mirror Mask (2005), também é um marco para ele que muito admira o artista gráfico e diretor do filme - Dave Mckean. Vermelho dialoga com artistas japoneses como Katsuhiro Otomo e  Hayao Miyazaki, diretor do imperdível A viagem de Chihiro (Spirited Away, 2001). Vermelho completa “uma versão japonesa da Alice”. No universo dos contos infantis se identifica com O Mágico de Oz e Chapeuzinho vermelho. Enfim, esses são apenas alguns exemplos. Tudo o que conseguiu conhecer, todos os desenhos da sua infância até os dias de hoje convivem e fertilizam sua engrenagem de sonhos. 


Em seguida conversamos sobre Alice, que está presente, assim como outros ingredientes da estória original, em algumas de suas obras. Segundo ele muitos acreditam que várias meninas que pinta são também Alices, mas nem sempre, ele diz. Seus trabalhos dialogam entre si e desdobram numa constelação de encantamentos e fantasmagorias. Por outro lado Alice se converteu também em um vocabulário composto por ícones que habitam a criação de vários artistas atuais em todo o mundo. O que mais o instiga em Alice? O universo dos sonhos e os símbolos que compõe a obra. Coelhos, chaves e relógios atravessam a história brindando heranças românticas e a estética vitoriana que tanto nos encanta e inspira. Quando criança assistiu o desenho, hoje várias Alices criadas por diferentes artistas convivem no seu mundo. “Tudo misturado, junto com a minha versão. Tudo se funde em uma coisa só em minha mente”. 






Alice está também presente no flyer de sua próxima oficina em que compartilha técnicas e estéticas para que tiver vontade de embarcar nessa viagem.





"Construir um mundo é uma forma de explicar o universo. No entanto, agora que tudo já está cartografado por satélite, que já não existe uma África misteriosa nem selvas insondáveis, agora que vivemos no mundo da nanotecnologia e do microchip, da genética e da física quântica; agora que já desapareceram as máquinas a vapor e os engenhos industriais de grandes rodas dentadas e hélices gigantescas, continuamos sonhando e o mistério, a magia, os mecanismos e recursos nos cativam. O homem continua fantasiando. Existir, Ser, é tão mágico e prodigioso por si mesmo que toda fantasia é pouca – a vida é sonho e os sonhos, sonhos são – ou talvez não?" 
Amador Griñó
(em texto sobre Vermelho Steam disponível no flickr).




Um comentário:

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