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6 de mar. de 2010

Alice por Marilá Dardot



Imagino Marilá Dardot chegando no prédio do Centro Cultural Brasileiro Britânico, em São Paulo. Ela não leva nada nas mãos, mas sua cabeça fervilha de idéias. Ela entra na biblioteca em busca de um livro de Alice, um exemplar com as ilustrações clássicas de John Tenniel. O livro se torna então o suporte para a sua reflexão, e junto com ela a reflexão do público, nos reflexos dos espelhos que a sua obra vai apresentar. O livro é o ponto de partida para uma obra na qual dialogam devires, fluxos, reflexos, deslocamentos, desproporções, identidades em trânsito.

Marilá investiga a linguagem e seus significantes. Lewis Carroll é puro jogo de palavras. A literatura é uma forte presença em seus trabalhos. Amante deBorges, navega em bibliotecas imaginárias. Em seu projeto “A biblioteca de Babel” a artista pediu aos amigos que cedessem temporariamente um livro que considerassem indispensável em sua coleção. No espaço expositivo, a artista instalou prateleiras, caixas, um relógio e redes para que os visitantes pudessem passar um tempo lendo os livros coletados. A artista também tem alguns trabalhos que se apresentam sob a forma de livros. Platão, Borges, Cortazar, Emily Dickinson são alguns autores recriados no universo da artista.

Marilá não se interessa apenas pela obra Alice, mas pelo livro como objeto, com dimensões precisas que ela subverte num jogo de espelhos, de tamanhos e de palavras, o livro como conceito. Na instalação da artista, os trechos do livro que descrevem as mudanças de tamanho de Alice são retratados com dimensões diversas numa série de quadros, que dão ao espectador a ilusão de crescer e diminuir junto com a personagem. Nos tornamos grandes e pequenos a medida que as palavras crescem e diminuem e somos tragados para dentro da imagem pela série de espelhos que questionam as bordas do livro, da obra, do espectador, dos mundos dentro e fora de Alice, dentro e fora de nós. Ali se atravessa o espelho. As transformações da personagem, que o público também vivencia, são o espelho também das transformações vividas pelo homem contemporâneo num mundo em constante mutação. Tudo muda o tempo todo. Tudo é relativo.



VEJA O SITE DA ARTISTA AQUI
SAIBA MAIS SOBRE A EXPOSIÇÃO AQUI


Espaço Cultural David Ford do Centro Brasileiro Britânico
Rua Ferreira de Araújo, 741 - Pinheiros, São Paulo
Até 11 de abril
de segunda a sexta das 10h às 19h
sábados, domingos e feriados das 10h às 16h


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